quarta-feira, 8 de abril de 2015

Nada te digo.


Seca-me a boca na ausência de um poema teu,
E na fonte que verte há sempre um delírio calado,
E das horas de sono em que me perco,
Aprisiono-me serena num pensamento solitário.

Ouço a noite silenciosa e nada te digo,
Abraço em teus olhos um raiar de lua,
E trago pela pele insinuada sabores de ti,
Partindo em sonhos a lembrança distante.

Aconchego-me na maciez do linho frio,
Na calma afogo-me em tua chama acesa,
E prenuncio a quentura do teu colo onde me calo,
Rasgando em pedaços o amar interrompido.

Ouço a noite silenciosa e ainda nada te digo,
Guardo a candura de tuas palavras silenciosas,
E de alma morna e serena num poema inventado,
Apoio o teu peito cansado e adormeço.

Seca-me a boca...
Aconchego-me...
Guardo-te...

E nada te digo...

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