quarta-feira, 2 de julho de 2014

Ainda sobra-me tempo...





Ainda sobra-me tempo,
Para deixar que a poesia escorra por entre os dedos,
Ávidos, obcecados pelo formato que compõe cada letra escolhida,
Impacientes pela necessidade de não mais conter tantos segredos,
E num apelo, ainda grito...

Ainda sobra-me tempo,
Para tocar o sol e a lua com a palma da mão,
Estendida com suavidade, esperando o pouso da esperança,
Aquecida pela intensidade dos dias que talvez, ainda virão,
E num gesto, ainda aguardo...

Ainda sobra-me tempo,
Para soltar balões coloridos pela imensidão celeste,
Pintado de um azul tão claro, como devem ser os sonhos,
Adornado de uma nuvem de algodão, que de branco, inteira se veste,
E num sussurro, ainda clamo...

Ainda sobra-me tempo,
Para encontrar um sentido neste meu caminho que ficou desajustado,
Marcado por uma sensação profunda de solidão e vazio,
Desgastado pelo pensamento indolente e frágil, preso ao mágico passado...
E no silêncio, ainda observo...

Ainda sobra-me tempo,
Para utilizar todas estas minhas palavras, que queimam a minha insensatez,
Companheira que me estende a mão, enquanto o sono não vem,
Atrevida e matreira, a me relembrar todos os nossos dias, de uma só vez,
E no devaneio, ainda espero...

Ainda sobra-me tempo,
Para dizer-lhe que sinto saudade,
Para mostrar-lhe meu sorriso sincero,
Para entregar-lhe meus maiores sonhos,
E confessar calada, que você, ainda é quem eu tanto quero...




(...porque se não existissem as palavras, eu deixaria, para sempre, de sonhar...)

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