segunda-feira, 14 de julho de 2014

Do último poema de amor...



Escrevo-te aqui, sem melancolia nem rancor,
O meu último poema de amor...

Desfolhado, pela espera sem sentido;
Apagado dos meus olhos,
Já sem o brilho da lembrança dum tempo perdido...

Escrevo-te aqui, sem saudade nem pudor,
Este meu último poema de amor...

Rejeitado num caminho sem dono
Como folha seca d\'outono, amarelada e ressequida.
Abandonado, à dor da constante ferida...

Escrevo-te aqui, sem tristeza ou dor,
Este meu último poema de amor...

Despido de qualquer lembrança;
Cicatrizado no meu peito,
Enterrada de qualquer jeito
Minha delongada esperança...

Escrevo-te aqui, sem razão nem fervor,
Este meu... último poema de amor.

Esquecido na gaveta da minha memória,
Cuja chave, sem hesitação, deitei fora.
Enclausurado em belas palavras d\'outrora,
Mas que, calado de vez, não refaz história.

Escrevo-te aqui,
Sem dor nem rancor,
Sem pudor nem ardor,
O meu derradeiro poema de amor...



(...porque a vida deu-nos a chance e o tempo a desperdiçou...)

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