Espero pela
benção do tempo, na sublimidade dos dias,
Na graça
perfeita do amor sentenciado em palavras,
No gorjeio
dos pássaros em revoada,
À procura de
terra firme, num pouso delicado.
Anseio pelo
ressurgimento de Órion,
Abrigo certo
da mais pura luz em divindade,
Com a
delicadeza macia que trazes em teus olhos,
Quando me
cercas, alheia e frágil, de mãos postas em afago.
Trago no
peito a saudade que encurta distâncias,
Que rega o
solo árido das ausências, da solidão uniforme,
E que de
tanta espera, morre ao longo dos dias, sucumbe,
Ressurgindo
além, onde te encontras em contemplação.
Displicentemente
leviana, deixo-me tocar pelos teus anseios,
Pelos teus
sinais sublimados no coração,
Quando
surges ao raiar do dia,
Quando
sopras em minh’alma a tua confissão,
Quando falas
d’uma eternidade ao alcance dos dedos.
Livre.
Inequívoco.
Pela estação
que deve ser.
Sem razão
aparente dos "porquês",
Sem motivo
algum das explicações, do que não foi.
Subsiste.
E é...
Como sempre
deveria ter sido.
E enquanto a
minha metade desacompanhada,
Dista de ti
por apenas um sopro renascente,
A tua
metade,
Errante,
Submerge em
meu silêncio,
Fazendo-me
Única,
Dentre todas
as possibilidades...
"Amor é isto: a dialética
entre a alegria do encontro e a dor da separação. De alguma forma a gota de
chuva aparecerá de novo, o vento permitirá que velejemos de novo, mar afora.
Morte e ressurreição. Na
dialética do amor, a própria dialética do divino.
Quem não pode suportar a
dor da separação, não está preparado para o amor. Porque o amor é algo que não
se tem nunca. É evento de graça.
Aparece quando quer, e só
nos resta ficar à espera. E quando ele volta, a alegria volta com ele. E
sentimos então que valeu a pena suportar a dor da ausência, pela alegria do
reencontro".