Mal havia amanhecido,
O olhar distante e perdido,
A alma cansada,
Descolorida.
Abri a porta do quarto,
O peito carregado e farto,
As mãos trêmulas e frias,
Canções sem nexo e vazias.
Sentei-me no banco da estrada,
Conversa silenciosa e perturbada,
O sol que não aparecia,
A oração que na mente insistia.
O orvalho derramado num pranto,
O milagre que não despertava,
Tantos dias a procura do sagrado manto,
A esperança, num esforço, eu inventava.
Nenhum movimento,
O céu azul iniciando um novo dia.
Fiquei ali, escondida num canto,
Observando a vida, em sua pureza e melodia.
O colibri cantou.
Num voo derradeiro, ao meu lado pousou.
O vento morno, gracioso, soprou.
E o sol, majestoso, brilhou.
Imaginei que poderia desistir.
Pensei em mais uma vez insistir.
Porque se existe a tempestade,
Existe também,
Uma feroz vontade.
Quase já não consigo escrever,
Daquele antigo tempo em que tudo parecia brilhar.
Acreditar.
Sonhar.
E devanear.
Retornei pelo caminho,
Abracei a dor, e dela fiz meu ninho.
Vislumbrei com ternura a imensidão do universo,
E num rompante de profundo carinho,
Deixei nas folhas da vida, o meu pequenino verso.
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