É aqui, nestas entrelinhas,
Que divido o teu silêncio com a minha alegria...
Do fundo do coração, no peito errante de quem sente,
Consegues imprimir, em minhas veias, a sensação das
pálpebras que fecham,
A cada olhar meu que é sustentado pelo teu....
Ainda posso ver o teu rosto refletido no céu da minha boca,
Sentir a partilha deste tempo que contigo divido,
E este afago tão mágico,
Que a cada instante presencia a aurora dos teus dedos...
A me confortarem...
A me mostrarem o caminho exato do prazer que encontramos na
nudez de nossos lábios...
Enganas-te se pensas que não percebi que agora já és parte
de mim...
Parte de uma vida que caminha perdida há séculos,
Para que o anseio de estar junto a ti,
E que hoje vivo,
Seja tão meu quanto teu...
Tudo tão claro...
Tudo tão reconhecidamente declarado que não há como
esconder,
Que tu’alma doce será sempre gêmea a minh’alma...
Mas ainda assim, desde sempre,
Desde o Princípio – como sempre foi,
Mesmo sentindo a secura dos desertos e sentindo na pele as
torturas que a vida nos infligiu,
Continuo tendo a nítida certeza que os nossos passos
vingarão em flor,
E todo o afeto será a raiz mais profunda,
Orvalhada pela água santificada,
Que nos unirá em real esperança...
Tão Doce,
E ao mesmo tempo tão Divino....
Teimo em ouvir o eco da tua voz,
O som dos teus passos,
E me convenço de que essa é a única chance de redenção,
Que posso obter,
Vivendo em plenitude, ao teu lado, como tem sido...
E aqui me finco, no solo sagrado da minha memória ,
Apenas para tocar a doçura das tuas asas...
Ficando inerte,
Acabrunhada,
Mas agigantada de afeto por seres livre,
E humanamente igual...
Igual a esta ternura que percorre todo um sonho,
E talvez até o meu...
Acalentando tod'uma Vida....
Nenhum comentário:
Postar um comentário