*Existem alguns lugares,
E certos momentos,
Que não são assim, tão difíceis de tocar...
Existem palavras,
Nem sempre perdidas,
Que se entrelaçam em dedos ávidos,
E atrevidos,
Que suspiram bordados e são aureolados de sentimentos,
E que não são assim,
Tão difíceis, de serem escritas...*
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É na veracidade do brilho que perpassas na pele,
Que recai manso, ininterrupto, de dentro desse tempo
perfumado,
Que consegues me presentear,
Sempre,
Num ‘harmonia celestial,
A partilha que divido contigo, nesse calor vestido em seda,
Quando me aconchego, debruçada em teu peito amoroso,
Em trajes de liberdade....
Vivifico a doçura santificante e pura,
Que resplandece visceralmente de nós,
Partindo direto de um raio vivo,
Numa prova nítida de imagens e sons,
Que exalam da tua boca...
Cúmplice à minha...
Libertando-me dos meus fantasmas e dos meus grilhões...
Escreves,
Pelo meu corpo,
Com as pontas dos dedos,
Pingos doces de esperança...
E alcanças a minha retina,
Tão profundamente e em plenitude,
Que ainda que me falte o ar que me sustenta os dias,
Sobrevivo apenas por ter-te sereno e em estado de graça...
Não ouso abrir os olhos,
Por medo de interromper a languidez de nossos gestos,
E temerosa em não conseguir abafar a continuidade do que me
apraz,
Ao perceber constelações, quando me tens por inteira...
Extasio-me assim,
Olhando inerte, a fluidez do ar que respiras,
A mansidão do teu abraço,
E o afago atemporal que transmites,
Quando tocas os meus cabelos, emaranhados em teu corpo,
Como riacho cerceando as cálidas rochas...
Inerte ao tempo, ficamos assim...
Silenciosamente dominados...
Antes que o cansaço nos alcance,
Antes mesmo que o sono nos renda...
Por inteiro....