sexta-feira, 15 de janeiro de 2016

* Em Estado de Graça *


*Existem alguns lugares,
E certos momentos,
Que não são assim, tão difíceis de tocar...

Existem palavras,
Nem sempre perdidas,
Que se entrelaçam em dedos ávidos,
E atrevidos,
Que suspiram bordados e são aureolados de sentimentos,
E que não são assim,
Tão difíceis, de serem escritas...*



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É na veracidade do brilho que perpassas na pele,
Que recai manso, ininterrupto, de dentro desse tempo perfumado,
Que consegues me presentear,
Sempre,
Num ‘harmonia celestial,
A partilha que divido contigo, nesse calor vestido em seda,
Quando me aconchego, debruçada em teu peito amoroso,
Em trajes de liberdade....

Vivifico a doçura santificante e pura,
Que resplandece visceralmente de nós,
Partindo direto de um raio vivo,
Numa prova nítida de imagens e sons,
Que exalam da tua boca...
Cúmplice à minha...
Libertando-me dos meus fantasmas e dos meus grilhões...

Escreves,
Pelo meu corpo,
Com as pontas dos dedos,
Pingos doces de esperança...
E alcanças a minha retina,
Tão profundamente e em plenitude,
Que ainda que me falte o ar que me sustenta os dias,
Sobrevivo apenas por ter-te sereno e em estado de graça...

Não ouso abrir os olhos,
Por medo de interromper a languidez de nossos gestos,
E temerosa em não conseguir abafar a continuidade do que me apraz,
Ao perceber constelações, quando me tens por inteira...

Extasio-me assim,
Olhando inerte, a fluidez do ar que respiras,
A mansidão do teu abraço,
E o afago atemporal que transmites,
Quando tocas os meus cabelos, emaranhados em teu corpo,
Como riacho cerceando as cálidas rochas...


Inerte ao tempo, ficamos assim...
Silenciosamente dominados...


Antes que o cansaço nos alcance,
Antes mesmo que o sono nos renda...


Por inteiro....



terça-feira, 12 de janeiro de 2016

*E tudo sempre foi, desde o Princípio... Até o fim da Eternidade.....*





É aqui, nestas entrelinhas,
Que divido o teu silêncio com a minha alegria...

Do fundo do coração, no peito errante de quem sente,
Consegues imprimir, em minhas veias, a sensação das pálpebras que fecham,
A cada olhar meu que é sustentado pelo teu....

Ainda posso ver o teu rosto refletido no céu da minha boca,
Sentir a partilha deste tempo que contigo divido,
E este afago tão mágico,
Que a cada instante presencia a aurora dos teus dedos...
A me confortarem...
A me mostrarem o caminho exato do prazer que encontramos na nudez de nossos lábios...

Enganas-te se pensas que não percebi que agora já és parte de mim...
Parte de uma vida que caminha perdida há séculos,
Para que o anseio de estar junto a ti,
E que hoje vivo,
Seja tão meu quanto teu...

Tudo tão claro...
Tudo tão reconhecidamente declarado que não há como esconder,
Que tu’alma doce será sempre gêmea a minh’alma...

Mas ainda assim, desde sempre,
Desde o Princípio – como sempre foi,
Mesmo sentindo a secura dos desertos e sentindo na pele as torturas que a vida nos infligiu,
Continuo tendo a nítida certeza que os nossos passos vingarão em flor,
E todo o afeto será a raiz mais profunda,
Orvalhada pela água santificada,
Que nos unirá em real esperança...

Tão Doce,
E ao mesmo tempo tão Divino....

Teimo em ouvir o eco da tua voz,
O som dos teus passos,
E me convenço de que essa é a única chance de redenção,
Que posso obter,
Vivendo em plenitude, ao teu lado, como tem sido...

E aqui me finco, no solo sagrado da minha memória ,
Apenas para tocar a doçura das tuas asas...
Ficando inerte,
Acabrunhada,
Mas agigantada de afeto por seres livre,
E humanamente igual...
Igual a esta ternura que percorre todo um sonho,
E talvez até o meu...

Acalentando tod'uma Vida....






segunda-feira, 4 de janeiro de 2016

*Contava as horas, bailava no tempo...como delicado sonho...*





Contava as horas,
Imaginando todas as canções refletidas n’alma,
Entoando tudo aquilo que somente o tempo saberia,
Em uniformidade, descrever...

Sonhava de olhos abertos,
Fazendo da suave memória,
Seu único caminhar...
Uniformizando, em pequeno embrulho e num laço rosa,
A verdadeira forma de tamanho sentimento,
Compor e eternizar...

Hoje, numa valsa solta ao sol poente,
Baila em luz,
Quando as mãos desenham tanta procura,
Que se finda,
Ao pousar os olhos dentro da tua imaginação,
E não mais ousa duvidar do que está escrito,
E do que está definido...



Mas sorri...
Sorri em malabares por todas as vezes que pressente tão doce presença...



E almeja...


Almeja numa cascata de esperança, nunca mais ser breve,
E deixa escrito num bilhete, por debaixo da porta,
A ousadia de esperar que por ela passe,
Sem impedimentos,
Para que viva,
Sinta,
E comungue em uníssono todos os pensamentos,
Sonhos e a inspirada comunhão...

Sabe que estarás lá,
Ao alcance dos dedos,
Trêmulos de amor imenso...

Sem julgar o desvario das horas,
Apenas aguarda que a viagem recomece...
Que o encontro tardio torne-se intenso...
E que o amanhã seja perene e santo,
Coroando em tom carmim,
Um beijo eterno,
Que colorirá a tua face...