terça-feira, 23 de junho de 2015

*Do que Ela gostava (para Ele)*



Gostava de sorrir.
De ter a certeza do teu perfume,
Dos teus olhos de lume.
Das tuas mãos passeantes,
Perdidas nas linhas do meu corpo.

Gostava de respirar.
Do calor vibrante das tuas frases.
Arrastadas,
Melodiosas,
(desatinadas).
No arrepio dos meus sentidos.

Gostava de tecer os fios.
Cabelos entrelaçados entre os teus dedos,
(atrevidos).
Nunca chegar ao ponto final.
(aguardar pelo teu próximo sinal).
Nos teus lábios o gosto do meu sal.

Gostava até de acreditar.
Da certeza do teu calor,
A lavar a minha pele,
Em gotas d’um bálsamo d’amor.
(adormecer e sonhar).

Gostava mesmo de imaginar.
Reconhecer todos os fatos.
(sorver-te ato por ato).
(amar-te num canto).
Em tua cadência delirar.

Gostava de tantas coisas.
E nada dizia.
Apenas olhares distantes.
(d’álem mar).
Uma saudade (apenas),
Para compartilhar.

E nos versos dedicados,
Ela sabia.
Havia harmonia.
Fantasia.
E havia uma linda, linda Poesia!




quinta-feira, 11 de junho de 2015

*Vida redesenhada*



Precisei sepultar o tempo.
(guardar minhas ilusões).
Procurei impacientemente,
Por um vento perfumado,
Odores longínquos.

Fiquei à beira de um abraço.
Estática.
Afogando-me em sutis beijos.
Ancorei-me no mar revolto.
Tentando renascer à noite,
Dentro de mim.
Dentro de nós.

Um amor que restou.
Esquecido nas palavras,
Que desgovernadas,
Ainda tentaram formar uma rima,
Ou um sentimento qualquer.

Apaixonados, ingerimos o fel,
Tornamo-nos tolos, transgredidos,
Perdidos e isolados.

A vida ficou pendente.
A morte escondida,
(dentro de mim esquecida).

Tentei repartir o sol.
Abrigo certo de nossa pele fria.
Melancolia.
Flutuante ironia.

Ao final fitei-te nos olhos.
A raiva descrita.
Linguagem tão diversa da conhecida,
(lágrima desatinada).

Esqueci-te por todos os longos dias vindouros.
A saudade dramatizada,
(ilimitada),
Ainda repetia o vazio,
(que durou pelo instante de uma promessa).

Envelheci na solidão.
Apaguei a luz.
Redesenhei uma nova vida.
Ecos meus e teus.
Eternidade.
Perpétua união.


terça-feira, 2 de junho de 2015

*Ternura (num gesto)*




Que seja feito esse amor.
Num simples olhar.
Entre sorrisos.
Ou em canção.
Por total devoção.

Que seja feito esse amor.
Num efêmero toque.
Entre palavras.
Ou em verdades.
Pois um segundo,
Talvez seja eternidade.

Que seja feito esse amor.
Numa forte lembrança.
Entre sonhos desfeitos.
Ou em renúncia.
Talvez a esperança,
Não tenha mais jeito.

Que seja feito esse amor.
Num tempo universal.
Aquém de qualquer sabedoria.
Apenas por ser imortal.

E que seja feito,
(enfim),
Esse grande Amor.
Assim tão belo.
Tão Infinito.
E tão bonito.
Num raio de sol.
No brilhar de uma estrela.

Ou que seja feito,
Também,
Sem qualquer explicação,
Sem qualquer noção.
Até mesmo,

Num simples gesto de ternura...