Ouço canções nas rádios,
E chego a tempo para tocar no lápis e no papel,
Bem antes do sono me dominar.
Penso em tudo aquilo que é possível falar.
Sei que não preciso sonorizar uma palavra sequer.
Calo-me.
Interiorizo-me.
O silêncio diz tantas coisas...
O pensamento ainda mais...
Meu voo...
Escalo montanhas escarpadas.
E pouso.
Pouso onde tudo está neste momento.
De olhos fechados,
Vislumbro o que para tantos é irreal.
Louco.
Sobremaneira desvairado.
A mente – concordância e confirmação,
Sabe do florescer de Abril.
Constata o "outonar" das folhas secas.
Não há razões para "invernar"
Apesar da beleza da neve.
Ou do gelar em que ficam as minhas mãos.
Sigo "veraneando", no calor do astro rei
A dor.
A flor.
O ardor.
O Criador...
Danço o bolero de Ravel,
Com a minha própria alma,
Ao embalo dos sons dos violinos.
Os pés tocando o mundo.
Leveza.
Compasso.
Em algum lugar além da razão, propriamente dita,
Todas as possibilidades são verossímeis.
Quem sabe isso possa ser... o Infinito!
Sei que adormeço.
Soletrando frases.
Fazendo o sonho acontecer,
Num misto de sorriso quieto,
De aceno de paz,
E de beijo escondido.
Beijo guardado,
Reservado,
Bem aqui,
Na palma da minha mão...
(Ao primeiro dia do mês de Agosto de 2020).
Angela Lazzari