terça-feira, 1 de setembro de 2020

*Florescer*


Ouço canções nas rádios,

E chego a tempo para tocar no lápis e no papel,

Bem antes do sono me dominar.

 

Penso em tudo aquilo que é possível falar.

Sei que não preciso sonorizar uma palavra sequer.

Calo-me.

Interiorizo-me.

O silêncio diz tantas coisas...

O pensamento ainda mais...

 

Meu voo...

 

Escalo montanhas escarpadas.

E pouso.

Pouso onde tudo está neste momento.

 

De olhos fechados,

Vislumbro o que para tantos é irreal.

Louco.

Sobremaneira desvairado.

 

A mente – concordância e confirmação,

Sabe do florescer de Abril.

Constata o "outonar" das folhas secas.

 

Não há razões para "invernar"

Apesar da beleza da neve.

Ou do gelar em que ficam as minhas mãos.

 

Sigo "veraneando", no calor do astro rei

 

A dor.

A flor.

O ardor.

O Criador...

 

Danço o bolero de Ravel,

Com a minha própria alma,

Ao embalo dos sons dos violinos.

Os pés tocando o mundo.

Leveza.

Compasso.

 

Em algum lugar além da razão, propriamente dita,

Todas as possibilidades são verossímeis.

Quem sabe isso possa ser... o Infinito!

 

Sei que adormeço.

Soletrando frases.

Fazendo o sonho acontecer,

Num misto de sorriso quieto,

De aceno de paz,

E de beijo escondido.

 

Beijo guardado,

Reservado,

Bem aqui,

 

Na palma da minha mão...


(Ao primeiro dia do mês de Agosto de 2020).


Angela Lazzari