quinta-feira, 7 de maio de 2015

*Arrastar (do tempo)*



A vida retardou-me os ponteiros do relógio.
Atrasamo-nos.
Perdemo-nos.
O peito,
Num mudo calafrio,
Desassossegou.
(o tempo parou).

Fingimo-nos únicos.
Tropeçamos nos sonhos.
Iludimo-nos.
Enganamo-nos.
Acreditamos em nossa própria mentira.
(envergonhei-me, calada).

Isolei-me.
Subtraí-me do meu próprio pensamento,
Em febre que me consumiu,
Em noites que me enlouqueceram.

Reinventei os nossos dias.
Guardando comigo tantos anos.
Incontáveis.
Miseráveis.
E a tua ausência foi,
(e ainda é),
A minha saudade maior.

Vesti-me de silêncios.
E no arrastar de mil vidas,
(que sonhamos partilhar),
Minhas lágrimas foram aprendizes das tuas palavras.

Amaldiçoei-te a cada gole de vinho,
Tinto de sangue.
Por não ter-te num sorriso.
Por não saber-te no brilho do meu olhar.

E num retalho de comiseração,
Despi-me de ti.

Empobreci de tal forma,
(e tanto),
Que me dilacerei em pequenos rasgos.
Nesse pequeno espaço,
Em que não caberá jamais,
A tua e a minha presença.

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