segunda-feira, 25 de maio de 2015

*Reconhecimento (da pele)*


Enfeito-me de graça com o teu sorriso.
Ameno, feito brisa.
Deixo-me solta ao vento.
(sem contar o tempo).

Branda é a luz dos teus olhos,
Quando o meu corpo percorre.
E toda doçura,
(do coração extasiado),
Escorre.

Penetra-me a íris.
Confunde-me as vontades.
Amor feito em palavras,
Em pequenos gestos,
(todos eles confessos).
Expressos.

Em tuas mãos o toque da pele lisa.
Alva de ternura.
(despida num único ato).
Cada segundo entre nós,
Imaginado.

Reconheço cada poro da tua pele.
Cada sussurro incontido.
Cada ato e cada beijo em minha boca.
(nunca escondido).

E na memória, o êxtase do silêncio.
O amante eterno.
(mulher tão tua).

Entregue.
Atrevida.
Em teus braços.


Como ré confessa e nua.


quarta-feira, 20 de maio de 2015

*Hoje (retrato falado)*



Sou-me, por tantas vezes,
Impotente.
Diante do próprio sonho.
Diante do próprio choro.

Abraço a minha’alma ferida.
Dispo-me de qualquer fantasia.
Rompo o fio condutor.
Não me levará a lugar algum.

Dispenso a tua boca.
Oca.
Seca.
Já não há eco em teus passos.
As horas são infindáveis.
(não existem milagres).

Amar sem reservas.
A tua falta me rouba o ar.
As palavras,
(os versos meus),
Já não fazem qualquer sentido.

Os sentimentos colam-se na epiderme.
O silêncio é distante.
Amargo.
Cruel.
(paladar em fel).

Em retrato quebrado,
Hoje é assim:
Sinfonia,
Sem partitura.
Quietude,
Sem expressa verdade.
Desilusão,
Num rosto sem expressão.


Nada mais.

segunda-feira, 18 de maio de 2015

*Enrosca tua'alma na minha*


Enrosca tu’alma na minha.
Diz-me,
(deliberadamente),
Todos os teus versos insanos.
Sabes,
(tão bem),
De tudo o que almejo.
São todos teus os meus atos profanos.

Enrosca a tua saliva,
(perdida),
Nas águas entre os lábios.
Sintas,
(em doces gemidos),
Todo o teu corpo.
Com todos os cheiros,
A decifrar a vontade,
De todos os beijos.

Enrosca o teu paladar,
Por sobre o meu ventre,
(por um caminho secreto).
Desse deslize da língua,
Tão doce e atrevida,
Em nosso dueto perfeito.

Enrosca o teu braço,
Em torno do meu abraço,
(inesquecível amor que te faço).

Acalma-te.
Transcendental furor.
Canção uníssona,
(gestos nossos, profundo ardor).
Fica-te em mim,
(assim),
Todas as vezes.
Em que concretiza-se insano amor.

quinta-feira, 14 de maio de 2015

*Sorrateiramente*



Sorrateiramente tocou-me o céu,
Com um olhar.
Despiu-me a alma,
(fala mansa e calma),
Ajeitando-a no peito.
(inesquecível momento).

Sorrateiramente abrigou-me entre beijos,
Com afeto.
Entrelaçou-me o corpo nu.
Tomou-o para si,
(e amou).

Sorrateiramente guardou-me num poema,
Com palavras descodificadas.
(disseste: “tu és a minha amada”).
Nada mais revelou.
Inundou-me de carinhos.
E silenciou.

Sorrateiramente ali ficamos.
Corações descompassados.
Lábios apressados.
Amores confessados.

Sorrateiramente,
(como que do nada),
Transformou a vida em promessa.
A promessa num só desejo.
E o desejo ficou selado,
Num ansiado beijo.


(Sorrateiramente...)

terça-feira, 12 de maio de 2015

*A esperança vestiu-se d'um olhar*




Ensaiei-te num sorriso.
Agarrei-me num raio d’sol.
Desprendendo-me da noite,
(e das dores).

Bebi-te em lágrimas.
Pousei-me no teu chamado.
Descobrindo-me como nascente,
(e colhi flores).

Inventei-te na memória.
Contei o tempo.
Contei-o como quem nada compreende.
(e desenhei-te em sete cores).

Rendi-me ao calor dos teus abraços.
Rasgando-me em pequenos instantes.
Num anseio.
Num desejo d’um beijo teu.
(por saber-te eternamente meu).

Antes de amar-te,
E reconhecer-te pelos abismos por onde andei,
Vesti-me na esperança d’um olhar.

Aguardei-te em silêncio.
(não tardaria a te encontrar).

Chegaste.
Sem avisar.
Paralisou-me os dias.
Enfeitou-me as noites.
Invadiu-me a alma.
Tomou-me de assalto.


E no meio do nada, apenas me amou...

quinta-feira, 7 de maio de 2015

*Arrastar (do tempo)*



A vida retardou-me os ponteiros do relógio.
Atrasamo-nos.
Perdemo-nos.
O peito,
Num mudo calafrio,
Desassossegou.
(o tempo parou).

Fingimo-nos únicos.
Tropeçamos nos sonhos.
Iludimo-nos.
Enganamo-nos.
Acreditamos em nossa própria mentira.
(envergonhei-me, calada).

Isolei-me.
Subtraí-me do meu próprio pensamento,
Em febre que me consumiu,
Em noites que me enlouqueceram.

Reinventei os nossos dias.
Guardando comigo tantos anos.
Incontáveis.
Miseráveis.
E a tua ausência foi,
(e ainda é),
A minha saudade maior.

Vesti-me de silêncios.
E no arrastar de mil vidas,
(que sonhamos partilhar),
Minhas lágrimas foram aprendizes das tuas palavras.

Amaldiçoei-te a cada gole de vinho,
Tinto de sangue.
Por não ter-te num sorriso.
Por não saber-te no brilho do meu olhar.

E num retalho de comiseração,
Despi-me de ti.

Empobreci de tal forma,
(e tanto),
Que me dilacerei em pequenos rasgos.
Nesse pequeno espaço,
Em que não caberá jamais,
A tua e a minha presença.

*Chantagem (em sedução)*





Cala-me a boca,
Num beijo teu.
Convença-me do teu desejo,
Sem que uses palavra alguma.

Exercita-me nas tuas mãos,
(p’ra minha contemplação).
Corpo afora,
E não escolhas a hora.
(porque tem de ser agora).

Convida-me para a tua dança.
Molha-me a nuca,
No suor dos teus passos.
Prenda-me no teu laço.
(porque já não sei o que faço).

Enlouquece-me de raiva.
Irrita-me até a última frase.
Jura-me que és inocente.
Tira-me o chão,
(não tenhas qualquer compaixão).

Sussurra o meu nome.
Finge que não sentes nada.
Atiça-me a pressa,
(sabes que sou ré confessa).

Leva-me na tua chantagem,
(que inocente já não sou).
E ama-me.
Temperando o meu corpo,
A fogo e a sal.
Esse é o teu único meio,
De saciar todo o meu mal.

domingo, 3 de maio de 2015

*Eternidade (d'alma)*




Ainda que a escuridão fosse o teu único caminho,
(de dor),
E nada mais resplandecesse aos teus olhos,
(já tão cansados),
Enxergar-te-ia pela transparência d’alma.
Essa.
Que somente os anjos reconhecem.

Ainda que as chagas corroessem o teu peito,
(em sangue),
Num campo repleto de mortos,
E cujo último suspiro tenha sido entregue,
Pela honra de viver,
Curar-te-ia em bálsamos de carinho,
Num passado que o tempo esqueceu.

Ainda que a despedida fosse a tua última decisão,
Por não saber de uma benção vindoura,
(como a tua última salvação),
Esperar-te-ia.
Nessas mil vidas,
Por mim já vividas,
Nessas mil esperanças,
Por ti já sentidas.

Esperar-te-ia.

Longos fossem os dias,
Eternas fossem as horas.
Num tempo mágico,
Incompreensível.
Tempo efêmero.
Que a ausência,
Teimosa e cruel,
Um dia, o amor nos roubou.