Fico estirada no vazio, que pesa;
Sem ter bagagens, de mãos ocas,
Tento distribuir apenas o pão e o vinho,
Nesta liturgia não mais sagrada.
Contorço-me neste inverno que não chega,
Numa geleira que conserva este corpo,
Que há tempos,
Parece já ter ido embora.
Esqueci-me,
- e não quero mais,
Propagar meu vocabulário,
Que faz-me sentir uma dor desmantelada,
Um desassossego que causa-me pena e dó.
Duas vogais e duas consoantes.
Rabiscado num cinza confuso,
Nem eu mesma sei dizer para onde o caminho nos leva.
Sinto a queda acolher-me com carinho,
Daquilo que penso restar nesta vã existência.
O que pretendo enxergar,
Vislumbrado através das grades,
Eu não ouso nem mesmo explicar.
Perco palavras,
Misturo letras.
Pressinto na paisagem ilusória,
Que estas duas vogais e duas consoantes,
São lascas pontiagudas,
- Que nos castigam,
- Que acenam adeus,
- E que rasgam a coragem que aos poucos se esvai.
- Duas vogais.
- Duas consoantes.
Que sacodem lenços brancos,
Revestindo-nos de cansaço,
Negando até o poema que o pretende dizer.
São sobras perdidas,
Que ficam,
- Maltratam,
E que habitarão eternamente,
- Dentro de nós....
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